* Mestre em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis, Professor de História de escolas públicas e privadas no município de Petrópolis.
* Licenciado em História pela Universidade Católica de Petrópolis-UCP, e pós-graduado em História do Século XX, pela Universidade Candido Mendes- UCAM.
* Criador do blog PETROPOLIS NO SECULO XX
* Membro da ANPUH
* Membro do Instituto Histórico de Petrópolis.
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Após as guerras Napoleônicas, a Alemanha atravessou um período de terrível crise. O povo estava exausto das longas guerras, os camponeses endividados, a indústria paralisada, os impostos indiretos aumentando sempre. Em conseqüência, "a discórdia reinava por toda parte"¹, contribuindo para que os camponeses, atraídos pela sedução do continente novo, emigrassem à procura de melhores condições de vida. No Brasil, as autoridades provinciais desenvolviam um intenso plano de colonização estrangeira, a partir da Lei Provincial nº 56, de maio de l840, autorizando o governo a promover o estabelecimento de colônias agrícolas e a adquirir terras a fim de loteá-las para os colonos. Em 1844, o presidente da província fluminense Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, Visconde de Sepetiba, cujos "200 Anos de Nascimento", o Instituto Histórico de Petrópolis estará comemorando no próximo mês de julho, assinou um contrato com a firma Charles Delrue & Cia., de Dunquerque, para que fossem contratados imigrantes para trabalhar nas obras que encetava. Os contratadores, dando um interpretação liberal a uma cláusula do contrato, ao invés de remeterem colonos alemães, especializados na abertura e melhoramento das estradas enviaram família inteiras, sendo interessante assinalar que a maioria dos imigrantes não possuía a especialização pretendida. Aureliano Coutinho, não tendo condições de alojar tantas pessoas, recorreu a Paulo Barbosa, Mordomo da Casa Imperial, na esperança de que este pudesse alojá-los na Fazenda de Santa Cruz, ou nas Imperiais Quintas. Paulo Barbosa, conhecendo o plano do Major Júlio Frederico Koeler de criar em Petrópolis uma colônia agrícola "capaz de suprir a capital de diferentes espécies de frutas e legumes da Europa"², acertou com este a vinda dos colonos para Petrópolis. Inicialmente, os 161 colonos alemães, que haviam chegado ao Rio de Janeiro em l3 de junho de l845, a bordo do navio Virginie, procedentes de Dunquerque, foram acomodados em Niterói, debaixo de um telheiro próximo às obras da Igreja local, de onde foram transportados para o Arsenal de Guerra da Corte, em barcas a vapor. Naquele estabelecimento militar, segundo nos informa Bretz, "receberam a visita do Imperador D.Pedro II, que lhes fez donativos de seu próprio bolso e prometeu-lhes proteção"³. Do Arsenal partiram em faluas para o Porto da Estrela, e daí a pé, fazendo escala pela Fábrica de Pólvora e no Meio da Serra, até a Fazenda do Córrego Seco, onde chegaram a 29 de junho de l845. Aqui chegados os colonos, cada casal recebeu um prazo de terras que lhes foi aforado em enfiteuse perpétua, cujo foro, variável segundo o tamanho e a localização do lote, seria pago a partir do oitavo ano. Vencidas as primeiras dificuldades, o povoado começou a florescer graças ao labor e à tenacidade dos colonos, cuja operosidade e costumes ordeiros foram objeto de grandes elogios por parte de Aureliano Coutinho, quando de sua visita à Colônia, e do próprio Koeler que aos mesmos assim se referiu: "... São os colonos pessoas laboriosas, honestas, amigas da boa ordem, respeitadoras da lei e muito religiosas..."4. Embora o sonho de uma colônia agrícola logo se dissipasse, devido, principalmente, à pouca aptidão dos colonos para a agricultura e ao fato do solo não favorecer o plantio, os colonos alemães, em sua maioria artífices, deram sólida base ao surgimento das primeiras manufaturas, preconizando o futuro industrial de Petrópolis. Assim, à medida que a colônia ascendia à condição de Capital de Verão do Império, um núcleo artesanal brotava espontaneamente da devoção e do amor dos colonos pela nova terra, fato que tem enorme importância se lembrarmos que o surto industrial estava apenas começando no mundo, quando Petrópolis nasceu. Neste momento em que comemoramos mais um aniversário da chegada dos colonos alemães a Petrópolis, não podemos esquecer de render nossas homenagens ao Major Júlio Frederico Koeler, idealizador da colônia, seu primeiro diretor e autor do plano de construção de Petrópolis. Foi Koeler, é preciso que se reconheça, um homem à frente do seu tempo, que, como muito bem acentuou Guilherme Auler, "...em todos os setores, foi incansável, pertinaz e zeloso. A tudo previu, deu assistência e esteve presente..."5.
Referências: 1. LACOMBE, Américo Jacobina. A Colonização Alemã. Geopolítica dos Municípios, Rio, 1957, p. 58. 2. ADÃO, Claudionor de S. Como nasceu e cresceu Petrópolis. A Noite, Rio, 30 de novembro de l957, p.17. 3. BRETZ, Walter J. In Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, 7 de junho de 1960. 4. KOELER, Júlio Frederico. D.C. nº II - 34, l8, 35, do Acervo da Biblioteca Nacional. 5. AULER, Guilherme. Documentos de Júlio Frederico Koeler. Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, janeiro de l995.
Tomas Ender provavelmente teria passeado muito pela Estrada da Serra da Estrela até o Alto da Serra e retratado muito esta paisagem por onde os alemães transitaram em direção à futura Colônia
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